Na serra da Boneca, o campo de xisto me engalana os olhos, as encostas laminadas, por finas camadas de rocha cinzenta, e por vegetação rústica adaptada a este tipo de paisagem agreste. As cinco espécies de urzes estão cá presentes, uma contagem que admiro efetuar sempre numa serra como esta, é a
Erica arborea, a
Erica australis, a
Erica umbellata, a
Calunna vulgaris e a
Erica cinerea, e outras tantas espécies, que juntas formam um habitat ou um espaço vulgarmente designado por matos... São belos matos que se apressam a florir com a entrada da nova estação, tal como o faz o
Ulex micranthus, encravado em pequenas manchas nas zonas mais abrigadas do alto da serra, mas com exposição a sul por exemplo... formando no seu todo esses vastos matos uma característica tonalidade verde escura.
O xisto salta à vista, como um campo de lâminas que pontilham as encostas até ao ponto mais alto e exposto, descobertas pela erosão, ou pela extracção indiscriminada, deixando uma paisagem rústica característica, que a vegetação a ferro e fogo desbrava e corrói até permitir que as árvores se instalem a partir das lajes xistosas, começando pela fixação dos primeiros colonizadores, os líquenes e musgos, que, lado a lado com as diversas espécies de matos, pintam esta linda serra de cor, mas sobretudo de vida.
Erica cinerea, em princípios de floração.
Carqueja e os pequenos rebentos florais.
Concentração de líquenes Cladonia sp.
Sobrevoando as encostas dois corvos Corvus corax, emitindo o som característico e mais grosso que o das gralhas.
Uma das asteráceas mais comuns por esta serra vegeta nos interstícios do campo de lâminas xistos ou pelas encostas e matagais rochosos, pintando de amarelo com as ~suas múltiplas pétalas abertas ao sol primaveril.